Tá, ok! Isso todo mundo sabe. Aliás, parece que quanto mais estudado é o indivíduo, mais ele vai chegando à conclusão de que tudo depende. Já dizia Sócrates, "só sei que nada sei". Brincadeiras à parte, aqui surgem as dúvidas: Mas quantos seriam esses fatores? E quais seriam?
Tisdale e Nelson, em 1985, buscaram ser mais precisos e enumeraram 52 fatores.
Certo dia, resolvemos tentar listar alguns de cabeça. E o interessante é que as ideias não se acabavam.
Após listados, elaborei o diagrama a seguir para melhor visualizar esse mundo de fatores que precisamos ter em mente quando procuramos manejar o ambiente de produção, seja na agricultura, na silvicultura ou na pecuária (pensando nas forragens).
Os itens em azul são exceções, pois são fortemente influenciados pela genética.
Quando falamos em fatores que afetam a produtividade, nunca podemos nos esquecer da clássica equação que diz:
FENÓTIPO = GENÓTIPO + AMBIENTE
Desta equação, depreendemos que nossa produtividade (fenótipo) é função tanto do genótipo quanto do ambiente, teoricamente 50% para cada. Há os que digam que o genótipo costuma não contribuir com mais do que 40% na expressão do fenótipo, sendo o ambiente responsável, então, pela maior parte (60%) do resultado.
É justamente dentro desses 50 - 60% que se encontram os tais 52 fatores ou mais que afetam a produtividade.
É por isso que pensar de maneira compartimentada no manejo do ambiente de produção é simplista demais quando se objetivam resultados consistentes. Temos que encarar isso tudo de maneira holística, sistêmica - termos que andam tão na moda.
Agora pense comigo: com tudo isso em mente... é possível assegurar produtividade quando de um manejo do solo??? De maneira alguma!!! O manejo pode ser perfeito, mas um único fator incontrolável pode colocar tudo a perder. E não podemos só por isso condenar o manejo.
Se você observou atentamente os fatores listados no diagrama, deve ter percebido que poucos são os que conseguimos controlar. Portanto, é extremamente temerário achar que uma simples adubação nitrogenada, por exemplo, pode GARANTIR ótimas produtividades. E pior ainda, garantir resultados financeiros consistentes e duradouros.
A adubação nitrogenada é sim um fator de extrema importância no manejo nutricional da maioria das culturas. Mas da palavra 'manejo' subentende-se parcimônia, critério, diagnóstico, estratégia. Ou seja, N é bom quando precisa de N. Quando não precisa, não é!
Já ouvi dizerem: "Ahh, mas sempre precisa!"... Claro que precisa! Afinal N é nutriente essencial. E até segunda ordem, se um nutriente é essencial, é porque ele não pode faltar. Entretanto a questão aqui é: Será que já não tem o suficiente? E já adianto a resposta: muitas vezes tem o suficiente sim! Ou ainda, naquele momento, por exemplo, a limitação poderia ser de Cu, sendo este elemento a menor ripa do barril (Lei de Liebig ou Lei do Mínimo), e não o N.
A única forma de sabermos disso é medindo. E, como a dinâmica do N no solo é complexa a ponto de não valer a pena investigar, a melhor forma de medir isso é no próprio tecido vegetal, através da análise foliar, que interpretada com o uso dos níveis de suficiência e do M-DRIS, fornecem um diagnóstico precoce bastante útil para tomarmos a decisão de intervir ou não. Costumamos comparar a análise de solo a uma avaliação da sua geladeira, do que você tem disponível para se alimentar. Já a análise foliar seria uma análise do seu sangue, dizendo de fato como está seu estado nutricional e de saúde.
Uma atividade que se diz ser do ramo da engenharia não pode se basear em crença. Não podemos transformar técnicas em religião! Precisamos de números, dados, informações, estatísticas. Afinal, tudo que se pode medir, pode-se melhorar.
Para exemplificar, já ouvi muitos fanáticos do plantio direto dizerem que não podem revolver o solo nem sequer superficialmente e numa ocasião impar, porque vão estragar a maravilhosa estrutura formada pelos seus 20 anos de plantio direto. Típico caso em que a técnica virou religião, pois muito provavelmente esse camarada não faz a menor a ideia do que seja estrutura. Se perguntar a ele "O que você entende por estrutura? Defina estrutura.", provavelmente titubeará. E pior, ele nunca mediu essa estrutura pra ver se de fato está a contento. Ele tem fé que a estrutura está boa, assim como crê em Deus. E aí quando um revolvimento é necessário para resolver um problema, diz que não vai fazer. Situação análoga seria um médico dizendo que precisa abrir a barriga do paciente e operá-lo para retirar um tumor, e o paciente diz: "Não! Mas faz 20 anos que minha barriga está aqui sem ninguém abrir. Não é agora que vou estragar a estrutura interna dos meus órgãos com essa operação!". O médico diria: "Então morra".
Assim, a mensagem que gostaria de deixar neste post é que a missão do Engenheiro Agrônomo, Zootecnista ou Engenheiro Florestal é, dentre os fatores que podem ser manejados, deve-se buscar eliminar, ou ao menos minimizar, as limitações existentes à obtenção de boas margens líquidas. Mas antes de mais nada, precisa-se saber com assertividade quais são as limitações, que aliás se alteram a cada minuto.
Precisamos trazer para a agricultura, pecuária e silvicultura o que em outras áreas já é muito corriqueiro: o DIAGNÓSTICO.
Quantas vezes não marcamos uma consulta com um médico, aguardamos na sala de espera e, quando sentamos diante do doutor e relatamos os sintomas, ele pede uma bateria de exames antes de dar qualquer diagnóstico. Extremamente comum!
Talvez seja por isso que, como mencionou o Dr. Cesar de Castro, da Embrapa Soja em um Simpósio em Maringá-PR recentemente, os médicos sejam chamados de doutores mesmo sem possuírem doutorado, e os agrônomos, zootecnistas e florestais não! #ficadica
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